Monday, April 11, 2011
Quebrar paradigmas
As pessoas estão a aprender com a ajuda das tecnologias. Os jovens jogam, navegam na Internet, colaboram em redes sociais, lêem jornais on-line ou consultam a Wikipédia e interagem com simulações desafiadoras. As tecnologias estão a criar oportunidades de aprendizagem que desafiam as instituições educativas tradicionais. Novos nichos de aprendizagem permitem às pessoas de todas as idades continuar a aprender à sua maneira e de acordo com a disponibilidade.
As pessoas em todo o mundo estão a prosseguir a sua educação dentro e fora da escola, em casa, em bibliotecas, cybercafés e local de trabalho onde podem decidir o que querem aprender, quando e como querem aprender. Tim Berners-Lee, co-criador da World Wide Web (WWW) previu, em 2007, que, no futuro, a Web vai parecer que está em todo o lado. Não apenas nos computadores fixos ou portáteis, mas também nos dispositivos móveis.
Hoje, assiste-se a um maior acesso à Internet através de dispositivos móveis como o Blackberry, o iPhone ou o iPad. Estas tecnologias parecem suprimir as limitações da aprendizagem confinada à sala de aula, oferecendo acesso a materiais de ensino e de aprendizagem indiferentemente do local e do tempo. Elas permitem ampliar as fronteiras da escola e diluir as paredes da sala de aula.
Expressões como “Sociedade das Comunicações Móveis” (Castells, 2004), “Cultura do Telemóvel” (Goggin, 2006), “Thumb Culture” (Glotz et al., 2005), “Mobile Age” (Sharples et al., 2005) aludem ao aparecimento de um novo paradigma social que as tecnologias móveis vieram trazer ao quotidiano. Estas tecnologias emergentes estão a transformar os hábitos das pessoas, a forma como se trabalha, se ensina e se aprende.
Com a evolução das tecnologias móveis está-se a configurar um novo “paradigma” educacional denominado mobile learning ou m-learning. A diversidade de dispositivos móveis disponíveis no mercado, bem como o aumento do número de trabalhadores móveis leva a que a questão da mobilidade seja um assunto que tem requerido a atenção da comunidade académica internacional (Alexander, 2004; Bowker, 2000; Kukulska-Hulme & Traxler 2005; Kukulska-Hulme, 2009; Prensky, 2001a, 2005; Sharples, 2000, 2005, 2006; Ryu & Parsons, 2009; Traxler, 2005, 2007; Trifonova, 2003; Vavoula et al., 2009). Discute-se hoje o conceito de m-learning, aqui definido como o processo de aprendizagem que ocorre apoiado pelo uso de dispositivos móveis, tendo como característica fundamental a portabilidade dos dispositivos e a mobilidade dos sujeitos, que podem estar física e geograficamente distantes uns dos outros ou em espaços físicos formais de educação, como a sala de aula. Nesta tese, m-learning refere-se ao uso de dispositivos móveis, particularmente o telemóvel, dentro e fora da sala de aula, por alunos do ensino secundário com propósitos de aprendizagem formal.
O m-learning aproveita as potencialidades de dispositivos móveis (telemóvel, PDA, PSP, Pocket PC, Tablet PC, Netbook) usufruindo de oportunidades de aprendizagem através de diferentes contextos e tempos.
As características destes dispositivos permitem a construção do conhecimento em qualquer espaço e o acesso à informação just-in-time. As vantagens deste “paradigma” educacional assentam em diferentes pressupostos (Attewell, 2005; Attewell & Webster, 2004; Sharples 2006):
i) Na possibilidade de interacção (professor-aluno-aluno);
ii) Na portabilidade, pois o telemóvel é mais leve do que um PC e permite ao utilizador tirar notas ou recolher dados no local, directamente, para o dispositivo, em texto, imagem, vídeo ou voz;
iii) Na colaboração, ao permitir que vários alunos possam trabalhar em conjunto numa tarefa mesmo estando em locais distantes;
iv) Na promoção do empenho dos aprendentes, dada a “adoração” que as novas gerações têm por dispositivos móveis, em particular o telemóvel;
v) No aumento da motivação, na medida em que o sentido de propriedade dos dispositivos móveis parece aumentar o compromisso de o usar e aprender através dele;
vi) Na promoção da aprendizagem na hora (just-in-time learning) ao aumentar o desempenho de trabalho e de aprendizagem e a relevância para o aprendente;
vii) Na melhoria da autonomia ao favorecer aos aprendentes mais autonomia e flexibilidade especialmente na aprendizagem a distância.
Partilhamos a posição de Teresa Almeida d’Eça (2004) ao considerar que a introdução de uma nova ferramenta enriquece diferentes vertentes do processo de aprendizagem. O seu potencial é ainda maior quando se trata da aprendizagem de línguas, já que contribui para o desenvolvimento de algumas ou até de, todas as competências básicas, ao permitir interacções na vida quotidiana e situações autênticas de aprendizagem em geral. Quer o texto, a imagem ou vídeo, quer a voz, são recursos que aumentam a aprendizagem e o telemóvel permite usá-los. Este aparelho, foi entre os dispositivos móveis, o mais rapidamente adoptado pelas gerações mais jovens em todo o mundo (Twiss, 2009) e o seu uso em contexto educativo não deve ser desaproveitado.
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