Sunday, March 13, 2011

As tecnologias móveis na aprendizagem



Dada a significativa penetração dos telemóveis, a maioria dos alunos tem o seu próprio dispositivo, por isso, Prensky (2005) pergunta: ”why not to use the opportunity to their educational advantage?” e conclui que os alunos podem aprender com os seus telemóveis qualquer matéria se os professores os usarem correctamente. Para este autor, os telemóveis “are not just communications devices sparking new modalities of interaction between people, they are also powerful computing devices that are portable and personal” (idem, p. 2).
Kukulska-Hulme e Traxler (2005, pp. 189-190) apresentam também algumas razões para utilização das tecnologias móveis, colocando alguns aspectos a investigar:
• Melhorar o acesso – Melhorar o acesso à avaliação e a materiais de aprendizagem a todos; tornar o acesso a materiais de aprendizagem portátil; aumentar a flexibilidade da aprendizagem dos alunos; desenvolver e avaliar soluções para o acesso ao conhecimento na formação distribuída.
• Avaliar e melhorar a aprendizagem – Avaliar em que medida um dispositivo móvel pode ajudar a aprendizagem do aluno; explorar o potencial da tecnologia na aprendizagem colaborativa; desenvolver um modelo de como os alunos colaboram e aprendem através de dispositivos móveis conectados; identificar o processo de aprendizagem na formação distribuída; identificar as necessidades dos alunos para o conhecimento “just-in-time” em situações de formação; explorar o potencial das tecnologias para aumentar a apreciação dos estudantes do seu próprio processo de aprendizagem; permitir que cada aluno mantenha um diário de aprendizagem que ajude a consolidar a aprendizagem.
• Avaliar e melhorar o ensino – Ver como os dispositivos móveis podem ser usados para ensinar um determinado assunto; levar os alunos a pensar criticamente e a ver de forma diferente do que eles fariam sem o uso de dispositivos móveis; permitir que os alunos vivenciem e compreendam o uso da tecnologia móvel na aprendizagem; reduzir as barreiras culturais e comunicação entre professores e alunos.
• Explorar os requisitos e comportamentos dos alunos – Analisar se os alunos precisam de um conjunto de ferramentas (agenda electrónica, notebook, fazer listas) para os ajudar a gerir os seus estudos; monitorizar quando os alunos usam as tecnologias móveis e com que finalidades; investigar como é que as tecnologias móveis alteram os padrões de estudo e a comunicação entre os alunos; avaliar as atitudes do utilizador em experiências com a nova tecnologia; investigar a interface e as limitações de usabilidade dentro de um contexto educacional.
• Alinhamento com objectivos educacionais ou empresariais – Realizar um estudo de viabilidade para futuras implementações de grande escala de dispositivos móveis na aprendizagem; avaliar a relevância de programas MLE (Managed Learning Environment) e VLE (Virtual Learning Environement); misturar tecnologias móveis em infraestruturas de e-learning para melhorar a interactividade e a conectividade do aluno; possibilitar a aprendizagem interactiva a todos os alunos, usando tecnologias móveis e wireless sem incorrer em gastos com hardware caro; distinguir-se de outras instituições de ensino ou concorrentes; fornecer comunicações, informação e formação a um grande número de pessoas, independentemente da sua localização; alargar a aprendizagem móvel para incluir a monitorização da localização de serviços de informação; aproveitar a proliferação de serviços de telefonia móvel e dos seus muitos utilizadores.
As perspectivas expostas por estes autores estão próximas das descritas por Attewell e Savill-Smith (2004) relativamente aos 27 projectos apresentados nas actas do MLEARN 2003, em especial a identificação que é feita sobre as mudanças a operar no processo de ensino e aprendizagem quando suportado por tecnologias móveis. Os objectivos são semelhantes nos dois textos, com predominância para aspectos que têm a ver com a melhoria do acesso aos conteúdos e recursos a qualquer hora e em qualquer lugar (Kadyte, 2004), as mudanças a operar no processo de ensino e aprendizagem, com evidência para aspectos como a individualização, a aprendizagem colaborativa e activa, a aprendizagem informal com múltiplos media e as mudanças cognitivas e comportamentais e, ainda, o alinhamento com os objectivos institucionais e empresariais. Em Kukulska-Hulme e Traxler (2005) identificam-se também certos objectivos dirigidos ao futuro da aprendizagem móvel, no que respeita os contextos em que os dispositivos móveis podem vir a ser utilizados e o papel que podem desempenhar, bem como, compreender a gama de acções e oportunidades que se abrem aos aprendentes através das tecnologias móveis.
Para Kukulska-Hulme (2005) a questão mais paradoxal face às tecnologias móveis é o facto destes dispositivos não terem sido concebidos para a aprendizagem e estarem a ser usados para aprender. A mesma surpresa tem Wagner (2005, p. 42), por isso pergunta “Why Not Mobile for Learning?”. Os desenvolvimentos operados recentemente numa variada gama de dispositivos móveis revelam a importância de corresponderem às necessidades e expectativas dos aprendentes em mobilidade.

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