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Saturday, March 12, 2011

O SMS e o Podcast como tecnologias para a era digital



Enviar SMS e ouvir música são duas práticas na vida quotidiana de muitas crianças e jovens. Este facto deixa antever uma maior disponibilidade das gerações mais jovens para usar, também, estes recursos em contexto educativo. O SMS e o Podcast são duas formas de m-learning bastante usadas.
A adopção do SMS como um recurso educacional tornou-se popular nos últimos anos (Crystal, 2008a; Goh & Hooper, 2007). O SMS é uma tecnologia dos telemóveis que permite enviar e receber pequenas mensagens de texto. O tamanho inicial das mensagens era de 160 caracteres, porém os telemóveis mais recentes suportam receber numa única mensagem texto com mais de 600 caracteres.
Têm-se realizado, durante a última década, vários estudos e experiências sobre o uso do SMS em diferentes contextos educativos. Naismith (2007) relata uma experiência, em contexto universitário, sobre o envio de SMS para os alunos sobre cancelamento de aulas, informações, lembretes e tarefas académicas. Esta comunicação administrativa com os alunos resultou positiva e com possibilidade de ser alargada a outros sectores da instituição.
Noutro estudo, implementou-se uma ferramenta de comunicação e discussão (Bollen et al., 2004) baseada no envio de mensagens SMS através da interface de PDAs para iniciar discussões e trabalho colaborativo. As considerações finais mostram que a tecnologia melhora o trabalho colaborativo nos cursos de literatura.
Uma outra experiência, reportada por Nix et al. (2007), mostra o sucesso em usar mensagens por SMS para reduzir o abandono precoce dos alunos universitários. Parece que o envio de mensagens SMS aos alunos identificados como sendo de risco foi bem sucedido ao ajudar a manter os alunos no sistema.
O sistema TXT-2-LRN, apresentado por Scornavacca et al. (2007), baseado em SMS, permitiu a interacção na sala de aula. Possibilitou aos alunos enviar perguntas e comentários, para o computador do professor via SMS, com resultados positivos ao nível da interactividade.
O projecto PLS TXT UR Thoughts (Markett et al., 2006) permitiu aos alunos o envio de SMS através dos seus telemóveis pessoais durante a aula e online depois das aulas, encorajando a interactividade na sala de aula.
Outros autores, como Goh e Hooper (2007), exploraram a viabilidade da utilização dos SMS nos telemóveis para promover a aprendizagem através de actividades (puzzles) de palavras cruzadas por SMS em ambiente de sala de aula, com alunos jovens e séniores. Os resultados mostram que os alunos mais jovens acharam as palavras cruzadas por SMS mais interessantes do que os mais velhos. Estes tiveram mais dificuldades em jogar os puzzles do que os alunos mais novos. Ambos os grupos mostraram interesse em adoptar o jogo no futuro.
Savill-Smith et al. (2006) referem experiências em que os alunos usaram os seus próprios dispositivos móveis para enviar SMS e MMS e salientam a importância dos professores verificarem se não há restrições ao uso do telemóvel para a planificação das actividades de aprendizagem. O projecto Gloucestershire (Attewell et al., 2009) comparou dois grupos, um a usar iPod Touches (grupo A) e outro a usar os seus próprios equipamentos (grupo B). As conclusões sugerem que os alunos que usaram os seus próprios telemóveis trabalharam melhor, mas é importante assegurar a participação dos alunos que não têm acesso a tecnologias móveis.
O governo queniano priorizou a educação, vendo-a como uma forma de transformação social e cultural. No sentido de preparar professores do 1º ciclo para atenuar o abandono escolar recorreu ao serviço SMS como parte do processo de aprendizagem. O uso de SMS na educação tem num país como o Quénia grandes vantagens relativamente aos métodos convencionais, onde há falta de infra-estruturas básicas. Assim, as boas redes de serviços de telemóveis, uso da energia solar para carregamento, grande número de proprietários e utilizadores de telemóveis, criou as condições para utilização deste serviço. A aceitação do SMS para aprendizagem foi positiva por parte dos professores. Este programa de formação de professores foi usado para promover materiais de orientação do estudo e apoio semanal, através de dicas, esboços, listas, resumos, revisão, lembretes, discussão em forma de comentário, perguntas e respostas, apoio e incentivo e mensagens urgentes. Cerca de 8 mil professores participaram nesta experiência conduzida por Traxler e Dearden (2005).
Para além do SMS, ouvir ou criar ficheiros áudio em formato mp3 tornou-se numa tarefa menos dispendiosa em tempo e recursos, em virtude das funcionalidades multimédia que os modelos de telemóvel mais recentes apresentam. O podcasting envolve descarregar da Web uma série de ficheiros áudio ou vídeo para o telemóvel ou leitores de MP3 ou de MP4, podendo ser ouvidos ou vistos quando, onde e tantas vezes quantas o utilizador desejar (Evans, 2008). Os alunos podem transferir ficheiros áudio directamente do telemóvel por Bluetooth, ou descarregar podcasts da Web para o telemóvel. Tanto os telemóveis, como os leitores de MP3 ou de MP4 são dispositivos móveis com capacidade para ler e gravar ficheiros áudio, para apoio à aprendizagem. Os alunos podem gravar sínteses de apontamentos, resumos, entrevistas, reportagens e resolver exercícios. Os professores podem gravar as aulas, apontamentos ou exercícios e permitir que os alunos os ouçam quando e onde queiram, diluindo, deste modo, as barreiras da sala de aula. Os podcasts permitem uma aprendizagem ubíqua, podendo os alunos aceder a uma variedade de materiais educativos independentemente do local e da hora (Nataatmadja & Dyson, 2008).
Evans (2008) reporta um estudo sobre a eficácia do m-learning sob a forma de podcasting, para alunos do ensino superior. Participaram quase duas centenas de estudantes, a quem foram disponibilizados podcasts para revisão antes do exame do curso de TIC. Os resultados obtidos indicam que os alunos acreditam que os podcasts são ferramentas de revisão mais eficazes do que os manuais e do que os apontamentos, para apoio à aprendizagem. Indicam também que os alunos estão mais receptivos a material de aprendizagem em forma de podcast do que a aula tradicional. Também indicam que a utilização dos podcasts como ferramenta de revisão tem claros benefícios em termos do tempo que levam para rever a matéria e os alunos sentem que podem aprender com eles. Junta-se ainda as vantagens da flexibilidade que permitem (tempo e espaço), constituindo-se num grande potencial como ferramenta de aprendizagem.
Um estudo realizado por Nataatmadja e Dyson (2008), no ensino superior, explora as razões pelas quais os alunos usam ou deixam de usar os podcasts sugeridos para apoio ao estudo. O estudo mostra uma série de motivações e preferências, relacionadas com os estilos de aprendizagem, por trás das decisões dos alunos. Apesar de apenas pouco mais de um terço dos alunos ter decidido usar os podcasts, os comentários são positivos. Os dados revelam que os podcasts são um complemento útil para favorecer diversos estilos de aprendizagem dos alunos, mas é necessária mais investigação sobre o uso deste recurso para promover uma aprendizagem mais profunda.
Frydenberg (2008) numa experiência que realizou com podcasts para resumir as palestras do curso, observou que a maioria dos alunos não ouviu os podcasts de 60 minutos que gravou, porque preferiam ouvir resumos das palestras mais curtos. Desafiou então os alunos a trabalharem em pares e a criarem podcasts em vídeo, com duração entre 6 e 10 minutos, sobre o que aprenderam nas aulas. Verificou um aumento de downloads e também o uso de recursos avançados de gravação e efeitos de vídeo, contribuindo para melhorar a aprendizagem dos alunos. O questionário aplicado no fim do semestre mostrou como os alunos usaram os podcasts nos seus dispositivos móveis para apoio à aprendizagem e da análise dos registos no servidor onde estavam alojados os podcasts detectou-se que a maioria dos estudantes descarregou os podcasts dos colegas para os seus dispositivos.
Evans (2006) usou os podcasts num curso de literatura. Pediu aos alunos para produzirem um par de podcasts de 2 a 5 minutos de duração. No primeiro podcast os alunos tinham de ler uma breve passagem de um romance, no segundo discutir uma passagem da obra, argumentar a sua escolha, apresentar os detalhes mais importantes, as temáticas, as questões levantadas e relacionar a passagem com o resto do romance. Todos os alunos eram obrigados a ouvir os podcasts dos colegas antes da aula. Os podcasts permitiram praticar a leitura, analisar e comentar as leituras realizadas e manter o diálogo entre os pares. Embora os podcasts não substituissem as práticas de escrita tradicionais, foram um complemento ao sucesso dos alunos. A grande maioria dos alunos gostou do trabalho realizado e reconheceu o esforço desenvolvido na realização dos podcasts. Os alunos mencionaram que preferiam criar os próprios podcasts sobre matérias importantes do curso do que ouvir os podcasts de longas palestras do professor.

Thursday, March 10, 2011

O Podcast para aprendizagem de línguas


Na Duke University e na University of Washington os alunos usam iPods para ouvir podcasts nos cursos de línguas. Chinnery (2006) refere que o uso de podcasts proporciona aos alunos uma autêntica experiência cultural na aprendizagem de línguas. Como mostram alguns estudos (Singh & Bakar, 2007), há uma variedade de dispositivos móveis (telemóvel, PDA, Leitores de MP3 e de MP4) que podem ser usados para ouvir podcasts e facilitar a aprendizagem de línguas. Godwin-Jones (2005) relata vários exemplos de experiências, em escolas, com podcasts para aprendizagem de línguas, como o PIECasts, que entre outros usos possibilita a revisão de vocabulário, audição de exercícios e entrevistas com falantes nativos.
Num estudo realizado por Moura e Carvalho (2006c), com alunos do ensino secundário portugueses e belgas, no âmbito do projecto eTwinning, foram introduzidos podcasts no apoio ao processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos curriculares da disciplina de Francês. Ambas as turmas mostraram satisfação na utilização do podcast como recurso educacional e reconheceram-lhe valor pedagógico.
Amemiya et al. (2007) realizaram um estudo usando um sistema de aprendizagem de palavras estrangeiras baseado em iPods. Os resultados mostram que, duas semanas após o início do estudo, os participantes que usaram o sistema assimilaram 40% das palavras em inglês, em contrapartida, os que seguiram o método convencional de papel e lápis apenas assimilaram 27% das palavras. Este sistema revelou-se eficaz na aprendizagem de palavras estrangeiras. No entanto, os autores consideram que é preciso trabalho futuro tendo em consideração a propriedade de cada palavra (abstracto versus concreto; nome versus adjectivo), visto que um determinado método pode ser adequado para algumas palavras, mas não para outras.
Allan (2007) realizou um estudo sobre podcasts para apoiar a aprendizagem de línguas. Um dos objectivos era explorar ficheiros MP3 para melhorar o estudo de textos escritos (poesia de Goethe), o outro objectivo era explorar várias formas de usar o podcast para apoiar os alunos nas aulas de língua, tanto na tradução, como na gramática. Assim, os alunos podiam ouvir os podcasts directamente na Web (iTunes) ou descarregá-los e ouvi-los no computador ou leitores de MP3. Os dados recolhidos por entrevista e focus group mostram que os recursos de poesia foram recebidos positivamente e extensivamente usados. Tendo a maioria dos alunos referido que ouviram os ficheiros offline directamente no computador, foram poucos os que os descarregaram para o leitor de MP3. Embora os autores também tivessem encorajado os alunos a criar os seus próprios ficheiros mp3, como complemento a tirar notas, este aspecto não teve tanto sucesso como o esperado, em virtude dos custos associados.
Edirisingha et al. (2007) realizaram um estudo sobre os benefícios da integração de podcasts, em regime blended learning, num módulo do primeiro ano, da disciplina de Inglês, na Universidade de Kingston. Embora o podcast fosse uma tecnologia nova para a maioria dos participantes, o estudo demonstrou potenciais benefícios para os alunos. Este estudo forneceu também um modelo de características dos podcasts que pode ser um complemento formal dos alunos no processo de aprendizagem. Os podcasts podem ser mais um acréscimo útil para a gama de ferramentas disponíveis.
Chang et al. (2008) exploraram o uso de podcasts para apoiar a aprendizagem de inglês como língua estrangeira (EFL – English Foreign Language). Estes autores construíram um modelo de investigação para estudar como os factores chave por eles definidos influenciaram as intenções dos alunos em adoptar os podcasts. Segundo estes autores, a validação do modelo e os correspondentes resultados do estudo podem ser referenciados por professores de EFL, administradores e decisores no sentido de integração de podcasts no ensino. Todavia, consideram haver necessidade de mais estudos sobre vários aspectos do potencial do podcast em EFL, no futuro.
Armbrecht (2009) descreve uma aula de literatura francesa em que os alunos criaram podcasts de vídeo (vodcasts) de dez minutos para analisar um filme francês, desempenhando o papel de comentadores do filme. Através desta tarefa os alunos desenvolveram a oralidade e a escrita da língua francesa e reforçaram ainda as suas competências analíticas e técnicas. As conclusões mostram que os alunos melhoraram o uso da língua francesa.
Menezes e Moreira (2009) realizaram um estudo com podcasts na aula de inglês com alunos do 7º ano de escolaridade. Os podcasts serviram como complemento das aprendizagens e como forma de promover a utilização dos dispositivos móveis dos alunos (telemóvel e leitor de MP3). As conclusões mostram que os podcasts foram bem aceites pela maioria dos alunos, encorajando o seu uso em práticas de apendizagem de línguas estrangeiras.